terça-feira, 31 de maio de 2011

A Toda

Mulher que foi feita de mim,
Deitou se e eternamente dormiu.
Ao som da valsa ao piano,
Da terra ela se despiu.

Senhora e de mãos enrugadas,
Cabocla da terra sertão.
Miúda é de poucas palavras,
Perdeu se em seu coração.

Mulher tu valsa com a vida,
Balança pra lá e pra cá.
És fruto de flor escondida,
Mais bela que tu não há.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Abre-Alas

A quem quer que seja,

sou.

Praça que da janela assisto
essa de alguns sentimentos,
olhos da alma sentinela.

Remanescente,

perspicácia condescendente
à frieza da era quente
na terra que outra vez se afogará.

Acrônico,

atento moral que busca
em triste ranger de dentes
cruzar a cordilheira do medo.

Descentende,

não tenho sorte em mente
nem busco em algum parente
mas confesso que sou carente

do amor.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Salamanca

eu que apareci em tua vista!

revistei teus armários
e mudei tua vida.

ao ver as tuas facetas
preferi não entrar.

mas me construi em palácios,
de palavras...

eu sozinho, esmureci.

rompi tuas cercas,
as enchi de jardins.

comprei te roseiras,
banhei te em nardo.

enchi as tuas carroças,
e teu céu de estrelas.

me pintei em tua face
e em teu útero.

privei te da morte,
passei então a morrer.

eu que apareci em tua vida!