sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Novos planos

Haverá uma luz
que condensará tudo.

Em cada fibra tua,
terá fermento meu.

Mas eu terei muito de
ti também.

Digo que assistirão em meu
sorriso a tua bandeira.

Uma bela maneira
de expor nossa vidinha.

O teu corpo será para mim
uma bandeja,

para eu me por como o banquete.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Há de haver.

Em tempo algum,
poderei.

Bem menos ei de
implorar.

Me desata bem ligeiro,
me desata,

me arremata sem pesar.

O que tenho a dizer,
em tempo algum

poderei.

Me desata,
me arremata sem pensar.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Duas casas

O pescador saiu antes do sol, o sol saiu para buscar o pescador.
O pescador voltou antes do sol se pôr, o sol levou o dia pra trazer a lua.
O pescador fez do mar o seu amor.

_faz da jangada meu leito, e do remo, faz me ter o teu sabor!

xuá, xuê...

O pescador naufragou,
e o sol fez do mar um pescador.

sábado, 26 de novembro de 2011

Fim

Ela abriu uma nuvem,
e derramou todo o céu.

Ele sorriu e negativou.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Põe te bela

Ponte seca, casa caiada.
Muros altos sem um portão.
Frase morta, vida acabada.
Voz bonita sem um bordão.
Pele grossa, da mão espalmada.
Ar pesado que mata o pulmão.
Põe te alta, casa caída.
Fio de vida estendo lhe a mão.
Põe te seda, sorri se toda.
Põe te céu e serás meu cordão.

domingo, 13 de novembro de 2011

II

Povoarei teus dias, ganharei tua vontade,
e se quiseres partir para uns dias nas montanhas
eu serei um inverno, para a fazeres repensar
os seus planos.

Pagarei suas dividas e assim terás comigo
uma obrigação. Irei até ti e habitarei
sua moradia.

Fiz uma gravura nossa,
Ela não tem muitas cores.
A fiz de traços retos, linhas.

domingo, 30 de outubro de 2011

Linhas

Vou passar uns dias de verão na tua pequena casa,
para veres como se constrói uma boa e bela canoa.
Montarei uma barraca de grossa lona azul celeste,
para pensares que é o céu infinito quem te protege.
Arranjei lhe um cobertor de carne, cor de pele,
para que teu corpo não pule, claro, caso eu fiquei
pro inverno. Mas não se incomode se eu te embargo
ao observar suas tarefas e seu passar das horas,
é que, deste modo, eu penso em coisas muito bonitas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Encontro

Sal e luz
 ou  pa 

tem pero
 é   medo

de salgar
    stra   

peça
        rrego

calce  os
p és        
         meu

alento é

         meu

revés

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Fatalidade

Existia um coração que
voava entre coisas
e pelo espaço.

Um dia esse coração
encontrou um peito
vazio e tornou se
órgão.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Um mecanismo

Em vão tudo pende para baixo.
gravidade?

N
ã
o

Simples engenharia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Morfina

Óh veleiro, busque alto
e paciente n'alguma brisa
a eficacia que me leve.

Ouvi ventos e redemoinhos
vendo os céus e o mar  abertos.
Eu ouvi vozes em solfejos
que eram rumores de você.

Deu vontade de partir derrepente.
Mas foi preciso uma farsa
pra matar o amor em mim.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

SMS

Recortes estampados na cabeceira,
apenas os pedaços que gostei.

Particulas que juntei a vida inteira,
manchetes importantes ou de besteiras.

Manchetes enfeitando a viseira,
furdunço que embeleza a penteadeira.

Anúncios pra colar na geladeira.
barganha, bagatela e solidão.

Talvez lhe envie uns escritos em francês,
Talvez um dia, eu lhe escreva outra vez.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Consentimento

Ao esperar as pessoas eu
envelheço,

elas vem do ermo.

Chegam empoeiradas e
ardendo de calor com
seus que olhares que
dissecam.

Olhos de holofote,
mas que não podem
a tudo decifar.

Ao esperar as pessoas eu
enfraqueço.

E mesmo quando
já estou muito cansado,
ainda me esforço
para bem recebê-las.

Parafraseio,









Sou eu que vivo em outro lugar.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Calhamaços

Existe tanta coisa em nós,
que haja olhos para
revistar.

Mas tu és um bilhetinho,
o recado que favorece
a vida, um agrado, o mimo
que mereço pela manhã.

Talvez em uma de minhas
viagens eu queira te revirar
e alargar a brecha da rocha
que envolve teus sentimentos.

Sou eu um projétil
e corro pra te acertar.

domingo, 14 de agosto de 2011

Explico

Então parece me que :
Quando estou a seu
lado a vida dá
exatamente
certo.

Logo a vida?
Exatamente!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A cada metade de hora

Preciso logo descobrir
os quartos de hora.
Ah, quando eu achar,
mudarei meu rumo!

Só de pensar no tempo
que vou ecomonomizar
eu fico paralisado.

pa ra li sa do !

A cada meia hora
eu penso muito na
próxima metade de hora.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Atino

Dormi, sonhei com a vida.
Abri os olhos.

Não fui desfrutar, era meu
corpo em estado de repouso.
Andei mais uma vez pela
costa de meu desencarne.
Sonhar é ter esperança.

Viver, temer os sonhos.
Suportar o dia e fechar
novamente os olhos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Besteira

Se queres viver, tu tens que sofrer.
Tu tem que sofrer melhor que viver.
Mas se queres morrer, não basta viver.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Clarão

Eu quero é falar com olhos,
porque a boca minha confunde.

Já pensei de todo jeito,
E não acho solução...

Vai ver será preciso,
Botar pra fora o coração?

A moda que é eu ganho tempo,
E largo de tanta explicação.

terça-feira, 31 de maio de 2011

A Toda

Mulher que foi feita de mim,
Deitou se e eternamente dormiu.
Ao som da valsa ao piano,
Da terra ela se despiu.

Senhora e de mãos enrugadas,
Cabocla da terra sertão.
Miúda é de poucas palavras,
Perdeu se em seu coração.

Mulher tu valsa com a vida,
Balança pra lá e pra cá.
És fruto de flor escondida,
Mais bela que tu não há.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Abre-Alas

A quem quer que seja,

sou.

Praça que da janela assisto
essa de alguns sentimentos,
olhos da alma sentinela.

Remanescente,

perspicácia condescendente
à frieza da era quente
na terra que outra vez se afogará.

Acrônico,

atento moral que busca
em triste ranger de dentes
cruzar a cordilheira do medo.

Descentende,

não tenho sorte em mente
nem busco em algum parente
mas confesso que sou carente

do amor.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Salamanca

eu que apareci em tua vista!

revistei teus armários
e mudei tua vida.

ao ver as tuas facetas
preferi não entrar.

mas me construi em palácios,
de palavras...

eu sozinho, esmureci.

rompi tuas cercas,
as enchi de jardins.

comprei te roseiras,
banhei te em nardo.

enchi as tuas carroças,
e teu céu de estrelas.

me pintei em tua face
e em teu útero.

privei te da morte,
passei então a morrer.

eu que apareci em tua vida!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Acontece

Confundi o céu com o mar
e mergulhei errado.

pato com prato,
pano com plano,
pura com puta.

a tênue linha da vida.

confundi sal com areia,
terrível engano.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Nota

Vou deixar os dias escreverem a estória.
Minhas mãos moldam bem o que não destroem,
e a chuva não me impede de sair.

Quando a terra enfim roer tuas unhas,
eu me esquecerei de todos os nossos dias.
Eu estou sentado digerindo a papa da angustia...

Caba o vento, caba chuva.
Abre o sol...

Sobre a vila paira o pasmo,
sobre tudo falo eu.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Infame

são os planos,
os panos que me vestem...

mas eu, não sei, e quero tecer.

e não é por isso que
pára o mundo,

fico nú pra perceber.

são os panos
os planos que eu sei.

sou sempre tardio ao saber...

são tolos os que
se vestem de panos.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Teu efeito

se me condenas a liberdade
eu te amo com a força de minh'alma

e doi
voar

o vento que bate em meu peito
parte como uma faca afiada
dessas das melhores

mesmo que eu não te visse novamente
tu viverias em mim
cada suspiro, cada suspiro

e tuas lágrimas, as que eu
enxuguei, ainda molham meu peito

Alívio

Hoje ainda ouvirei teu ruído...
ao fechar meus olhos, você
estará lá, em meu ouvido.

Hoje ainda eu rumino vestigios.